Apenas 30 cursos superiores, em mais de 1300, se podiam orgulhar de não ter diplomados inscritos no Centro de Emprego, no final do ano passado, segundo os últimos dados do Ministério da Educação. Dos 1.323 cursos que estavam a funcionar nas universidades e politécnicos, no ano letivo de 2013/2014, pouco mais de dois por cento (2,3%) não tinham nenhum diplomado à procura de trabalho através do Centro de Emprego: Medicina, Enfermagem, Teologia ou Línguas e Culturas Orientais são alguns dos exemplos, segundo os dados agora disponibilizados pela Direção-Geral de Estatística da Educação e Ciência (DGEEC). Com apenas um aluno inscrito num centro, mas também com uma taxa de desemprego de zero por cento, o curso de Medicina da Universidade de Lisboa pode juntar-se à lista.
Assim, entre 2009 e 2013, 5.591 alunos concluíram estes 31 cursos com taxa de desemprego zero, sendo que a grande maioria (4.375) se formaram em Medicina, a área que continua a garantir mais emprego, mas também a ser o curso mais difícil de entrar. Entre os cursos que enviaram mais licenciados para o Centro de Emprego surge o de Criminologia, da Universidade Fernando Pessoa, com 68,9% dos diplomados ali inscritos, segundo os dados que analisam apenas os alunos que terminaram os cursos entre 2009 e 2013. Os primeiros nove cursos com maiores taxas de desemprego são precisamente de instituições privadas: depois de Criminologia surge Arquitetura, da Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão, com mais de metade dos diplomados inscritos no centro de emprego, no final do ano passado. Na segunda-feira, os alunos podem candidatar-se ao ensino superior e a taxa de desemprego pode ser um dos critérios para ajudar a escolher, mas existem muitos outros dados que agora estão disponíveis no site http://infocursos.mec.pt/. No ano letivo de 2013/2014 estavam inscritos no ensino superior 251.404 alunos e a maioria eram raparigas (52,5%). Ali percebe-se que os alunos dos institutos politécnicos terminam os cursos com notas mais altas do que os colegas das universidades: entre os primeiros cinco cursos, quatro são do Politécnico de Leiria e, entre as 20 formações com melhores notas, apenas cinco são universidades. A satisfação pelo curso escolhido ou a existência de problemas durante o primeiro ano são outros dos itens que podem ser percecionados através dos dados que mostram quantos alunos acabaram por abandonar o ensino superior, pouco depois de terem entrado, em 2012/2013. Do universo de quase 1.300 cursos, com pelo menos uma nova turma para caloiros, em apenas 53 nenhum aluno abandonou o ensino superior um ano após ter entrado. O abandono não é um problema exclusivo de universidades ou de politécnicos, nem das instituições privadas ou públicas, segundo os números dos 73 cursos onde pelo menos 30 por cento dos caloiros terão desistido de estudar: 30 cursos em institutos politécnicos (4,6% do total) contra 43 universidades (5,7%) e 38 instituições privadas, contra 35 públicas. Por outro lado, existem 53 cursos em que a taxa de alunos não encontrados no ensino superior português, um ano após a primeira inscrição no curso, foi zero, ou seja, em que ninguém abandonou ou desistiu de estudar, com Biologia Geológica do Instituto Superior Técnico em primeiro lugar. A maioria dos alunos que se candidatou, em 2012 e 2013, não conseguiu entrar no curso da universidade que gostaria, já que, em apenas 23 cursos, as turmas foram constituidas maioritariamente (mais de 80%) por alunos que escolheram aquele curso em primeira opção (Expresso)
Qual é o curso com mais desemprego, mais homens ou onde há notas mais altas?
Portal do Ministério da Educação permite fazer rankings das licenciaturas e mestrados integrados com base em diferentes indicadores. Candidaturas ao ensino superior começam na segunda-feira. O portal criado há dois anos pelo Ministério da Educação para dar mais informação aos alunos na hora de escolher o curso de ensino superior a que se querem candidatar, o Infocursos, tem desde este sábado uma nova funcionalidade, quer permite fazer várias ordenações, com base em diferentes indicadores, e comparar assim licenciaturas e mestrados integrados da mesma área, por exemplo. No ranking do desemprego - registos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) em dezembro de 2014 face ao número de diplomados nos últimos anos - pode constatar-se que o curso de Criminologia da Universidade Fernando Pessoa é o que apresenta a taxa mais elevada: 42 em 61 diplomados entre 2010 e 2013 estavam inscritos no IEFP, o que equivale a uma taxa de desemprego de 69%. Não quer dizer que não haja outros cursos com mais alunos desempregados, que não estejam inscritos no IEFP e que, por isso, não contem para estas estatísticas. Mas este é o único dado relativo a saídas profissionais existente neste momento. No topo desta lista encontram-se ainda vários mestrados integrados em Arquitetura (cinco nos 30 primeiros lugares) de instituições de ensino privadas. Tendencialmente, são estas que apresentam taxas de desemprego à saída do curso mais elevadas. Os dados nacionais, já conhecidos, indicam uma percentagem de desemprego dos licenciados em escolas públicas de 8,6% e de 12,7% de instituições privadas. Outro indicador revelador das taxas de abandono dos cursos reporta-se à situação dos alunos um ano após terem entrado no ensino superior. Entre as formações que mais jovens mantêm inscritos ao fim de um ano encontram-se sobretudo casos nas áreas da saúde ou das artes. No extremo oposto há situações de percentagens de abandono (não encontrados no ensino) superiores a 50% nas mais diversas áreas. Os dados para todo o país apontam para um abandono do ensino superior na ordem dos 10%. Mas não é possível especificar as razões dessa saída, se por motivos económicos, emigração ou outras escolhas.
Notas altas no Politécnico de Leiria
Outro indicador não muito conhecido prende-se com a distribuição das classificações finais à saída dos cursos. E o que se conclui é que não há uma correspondência entre as classificações nos exames com que os estudantes entram no ensino superior e as médias com que concluem. Os institutos politécnicos que, regra geral, recebem alunos com notas mais baixas, têm grande representação no ranking dos cursos com médias finais mais altas. No topo da lista, destaca-se o Instituto Politécnico de Leiria (IPL), com seis cursos nas 10 primeiras posições, graças a médias finais que oscilam entre os 16 valores e 17,5 valores. A título de exemplo, refira-se os mais de 100 diplomados em Enfermagem no IPL nos últimos dois anos e que concluíram a licenciatura com uma média de 16,9 valores. Por outro lado, é possível também identificar os cursos onde entram mais alunos com melhores desempenhos nos exames nacionais que servem de prova específica. Há o caso das medicinas, que não surpreende, mas há também outras situações dignas de registo. Como os cursos de Engenharia Física Tecnológica e de Engenharia Aeroespacial, ambos do Instituto Superior Técnico, onde os alunos ingressaram com médias nas provas específicas mais altas que 89% dos outros candidatos que realizaram o mesmo conjunto de exames em 2014. O mesmo aconteceu com Direito na Universidade de Lisboa e Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Mas o recorde vai mesmo para a Faculdade de Medicina do Porto, os candidatos que aí entraram e realizaram um conjunto de provas específicas a terem, em média, notas mais altas que 90% dos colegas que fizeram os mesmos exames e entraram noutros cursos. Mulheres na Educação, homens nas engenharias. Idades, nacionalidade ou sexo são outras variáveis que podem ser consultadas por curso e que indicam que, apesar de as mulheres estarem em maioria no ensino superior, ainda há cursos tradicionalmente masculinos e femininos. As licenciaturas em Educação Básica são frequentadas por uma esmagadora maioria de raparigas e, nalguns casos, o domínio é mesmo total. Em 2013/2014, esta licenciatura no Instituto Superior de Ciências Educativas tinha 96 inscritas e nenhum rapaz matriculado. No mesmo curso, mas no Politécnico de Santarém, um homem contrariava o domínio absoluto das 103 alunas. Já em muitas engenharias, em particular Mecânica e Informática/Computadores, assiste-se ao fenómeno inverso. Dois destes cursos no Instituto Politécnico de Tomar tinham apenas quatro mulheres num total de 187 rapazes matriculados. As vagas disponíveis no concurso nacional de acesso para 2015/2016 serão disponibilizadas no site do Expresso a partir das 00h01 de domingo. As candidaturas começam na segunda-feira (Expresso)
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