Augusto Santos Silva
respondeu ao artigo de opinião que o diretor de informação da TVI publicou na
segunda-feira no Diário de Notícias (DN). O ex-ministro socialista diz que o
artigo “roça inúmeras vezes a boçalidade, está cheio de erros e mentiras”, mas
que isso não quer dizer que entenda que Sérgio Figueiredo deva ser afastado das
colunas do DN, porque essa é a “essência da liberdade de expressão”. Esta é a essência da
liberdade de expressão: ter direito a ela mesmo quando se parece mal-educado,
ofensivo, inconveniente ou excessivo”, escreveu o ex-comentador do programa “Os
porquês da política” na edição desta quarta-feira do DN. Em causa está o final
do espaço de comentário que detinha na TVI 24. A polémica começou há
um mês com um post no Facebook, onde Augusto Santos Silva questionou “porque
estaria a ser tão maltratado na estação que lhe dava guarida”, mas a conversa
já vai longa com palavras como “censura” e “cobardia” pelo meio. Na edição de
hoje do DN, chega a expressão “comportamento reles”, num artigo intitulado “O
ayatollah de Barcarena”. Ayatollah é o líder religioso xiita.
Na resposta desta
quarta-feira, Santos Silva explica que publicou o post no Facebook antes de ter
recebido a resposta ao email privado que enviou ao diretor de informação da
TVI, onde este se mostrava disponível para conversarem pessoalmente sobre o que
incomodava o ex-ministro. Seis dias depois, recebeu a mensagem que preanunciava
a rescisão do programa, antes de terem conversado em privado. A razão do meu
afastamento da TVI24 não é, pois, nenhuma deslealdade. É punição por suposto
delito de opinião. Suposto, sim. Primeiro, eu devo explicações aos meus
espetadores”, escreve.
É com esta
“explicação aos espetadores” que Santos Silva justifica os posts públicos, onde
escreveu que “a TVI já estará farta de comentadores inscritos em partidos
políticos e, como já lá tem fartura que chegue de inscritos no PSD, não precisa
de um inscrito no PS, (…) porque eu digo disparates e ninguém me vê (…), ou
porque a minha voz se está a tornar muito incómoda neste clima de sufoco que
vivemos”. Sérgio Figueiredo
reagiu, após um mês de silêncio, para dizer que o ex-ministro de José Sócrates
não voltou à TVI24 “por ser malcriado” e “não porque a sua voz é incómoda”. E
publica o conteúdo do email que lhe enviou, onde dizia que “a TVI não quer
livrar-se do seu comentador Augusto Santos Silva, não equaciona rescindir o
contrato de prestação de serviços e terá muito gosto e empenho em até renová-lo
para o próximo ano”.
O ex-comentador
refere que não fez “acusações infundadas”, que colocou, antes, “hipóteses
verosímeis e assentes na observação de factos”. E acrescenta: “Uma foi, de
facto, a de parcialidade política”. No final, questiona como é que o diretor de
informação da TVI pensa acabar com o seu monólogo – o artigo de opinião de
Sérgio Figueiredo intitulava-se “Para acabar de vez com um monólogo patético e
deprimente”.
Vai interditar-me o
acesso à comunicação social? Cancelar-me a página no Facebook? Pedir a minha
prisão em solitária? Mandar-me matar?”, questiona. Para Santos Silva, a
mensagem de Sérgio Figueiredo é a de que “se te pago sou teu dono”. “É também
isto que denuncio como ‘clima de sufoco’ e foi também por isto que a minha voz
se tornou demasiado incómoda” (Observador)
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