segunda-feira, 20 de julho de 2015

Afinal este beijo foi dado antes de os japoneses se renderem...

Através de pormenores discretos ( e evidentes) cientistas antecipam momento da fotografia icónica de Eisenstaedt. Se há imagens que conseguem sintetizar milhões de palavras e emoções exprimidas no final da Segunda Guerra Mundial, “O Dia da Vitória Sobre o Japão em Times Square, de Alfred Eisenstaedt” – tirada a 14 de agosto de 1945 – é seguramente uma delas. Mas a fotografia captada a 14 de agosto de 1945, que fez a capa da revista Life, é também uma das mais misteriosas e escrutinadas da história. E se não bastasse já a eterna discussão sobre as identidades do marinheiro e da enfermeira nela retratadas, agora surgem novas evidências que prometem voltar a alimentar a discussão. Afinal, concluíram cientistas da Universidade Estadual do Texas, aquele instante terá ocorrido exatamente às 17.51, Hora Legal de Guerra na costa leste dos Estados Unidos. O que significaria que, naquele momento, o “casal” ainda estaria a mais de uma hora de saber que o Japão tinha anunciado a sua rendição.
“Toda a gente assumiu que o beijo foi uma reação espontânea a esse anúncio. Logo teria acontecido imediatamente depois das 19.03”, lembrou Donald Olson, professor de Física daquela universidade e responsável pela determinação do que tudo indica terá sido o verdadeiro momento do beijo. A investigação, conduzida por Olson e dois colegas da universidade, foi desencadeada por um comentário de um astrofísico, Steve Kawler, a um artigo publicado pelo New York Times em 2010 sobre “novos factos” relacionados com a imagem. O que chamou a atenção de Kawler, também ele professor, na Universidade Estadual do Iowa, foi um pormenor evidente que escapara até então à atenção de todos os observadores: um relógio, montado na letra “O” de um letreiro com a palavra “Bond”, no canto superior direito da imagem. Cruzando a informação dada por aquela imagem com outros elementos – como as sombras projetadas sobre a fachada do Hotel Astor, também visível na imagem – os cientistas conseguiram estabelecer a posição exata do Sol “a um azimute de 270 graus [ orientado exatamente a oeste) e a uma altitude de + 22.7 graus”. O que implica, como sustentam num artigo publicado na revista científica Sky & Telescope, que aquela sombra específica teria sido projetada às 17.51. A escolha de uma revista de Astronomia explica- se pelo facto de ter sido deste ramo da ciência que surgiram as técnicas forenses que permitem fazer este tipo de trabalho. Os cientistas não se deram por satisfeitos com os próprios cálculos. A investigação durou quatro anos a divulgar. E Russell Doe - scher, outro dos envolvidos no projeto, construiu um modelo à escala de Times Square, em 1945, para garantir que tudo batia certo. “Não queríamos perder a nossa reputação por cometermos um erro matemático. Agora posso dormir descansado”, disse Olson. O certo é que esta não foi a primeira nem será a última fez que Donald Olson faz afirmações ousadas sobre um registo histórico de grande importância. E até agora tem conseguido convencer todos os céticos com factos irrefutáveis. Outro momento de glória deste físico com o hobby de investigar a Arte foi ter conseguido determinar, em 2003, o local, data e hora exatos retratados no quadro “Nascer da Lua”, de Vincent Van Gogh, que pertence ao Museu Kroller- Muller, na Holanda. Comparando correspondência entre Van Gogh e um irmão e outras obras com o mesmo tema, Olson e a sua equipa conseguiram situar aproximadamente o quadro no tempo e no espaço. Mais tarde, através de cálculos relacionados com a posição da Lua, chegaram a um veredicto: 13 de Julho, de 1889, 21: 08, a partir do Mosteiro de Saint Rémy, na França. No passado, tinha havido quem chegasse a confundir aquela lua com um pôr do sol (DN de Lisboa)

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