Estalou definitivamente o verniz na freguesia de Alvito São Pedro, em Barcelos. A sessão de striptease que o Grupo Recreativo e Cultural da freguesia organizou, sexta-feira, levou o ex-autarca local a insurgir-se contra a realização da iniciativa no salão da Junta de Freguesia.
José Silva diz que se o espetáculo tivesse acontecido num sítio privado, não haveria qualquer problema, mas o facto de ter ocorrido num espaço público "mancha" a imagem da freguesia.
"Passou a associar-se a sede da Junta ao striptease. Acho que a presidente de Junta deveria ter tomado uma posição", lamenta o ex-autarca, acrescentando que este tipo de atividades "pode prejudicar" a imagem da freguesia e todo o trabalho feito anteriormente. "Como eu agora associo a Junta ao striptease, os outros também o farão. Pelo andar, daqui a pouco virá uma casa de meninas?", questionar o ex-presidente de Junta.
Para José Silva, autarca pelo PS durante 28 anos, a atitude da atual presidente da Junta (do PSD/CDS) tem uma leitura: "Acho que a Junta não tomou uma posição pelo facto de a presidente não ser de cá (Alvito São Pedro), mas do Couto. Ela está-se marimbando para o que se passa cá". Refira-se que Alvito São Pedro se uniu com Alvito São Martinho e Couto, aquando da fusão de freguesias e a atual autarca exercia o cargo anteriormente em Couto.
O assunto será levado à próxima Assembleia de Freguesia, que deverá decorrer em abril.
Entretanto, o grupo responsável pela organização do striptease já veio reagir na sua página do Facebook dizendo que o evento, inserido na Festa de Carnaval 2016, é da sua inteira responsabilidade. "Esta associação tem legitimidade para o fazer sozinha" e "em nada está ligado à União de Freguesias, ao poder autárquico atual ou a qualquer outra fração política".
O grupo diz, ainda, que "escolheu o local óbvio" para a festa. "O salão social de Alvito São Pedro é de todos, construído por todos, não apenas por aqueles que o zelavam até às últimas eleições autárquicas".
Do programa da Festa de Carnaval estava também inserido um desfile das crianças do jardim-de-infância, domingo, mas também a Associação de Pais já se veio desmarcar da polémica. A coletividade explica que o programa para as crianças contou com a colaboração de várias entidades locais, mas diz que é "totalmente alheia a demais eventos ou festas de Carnaval que tenham tido lugar no mesmo local em dias anteriores".
A Lusa contactou o presidente do Grupo Recreativo e Cultural de Alvito S. Pedro, Zacarias Leiras, que também desvalorizou as críticas e as atribuiu a motivações políticas.
Leiras lembrou que ele próprio já foi candidato à Junta de Alvito S. Pedro contra José Silva e admitiu que isso "possa ter deixado algumas marcas", mas vincou que a contestação ao "strip" não passa "de uma guerra de um homem só".
"O strip foi masculino e feminino, tivemos lá uma 70 a 80 pessoas, incluindo casais, e toda a gente se mostrou agradada com o espetáculo", assegurou.
Admitiu ainda que as críticas possam ter a ver com "algum preconceito" em relação a iniciativas "um bocadinho mais arrojadas ou fora do comum para um determinado meio".
Contactada pela Lusa, a atual presidente da União de Freguesias de Alvito (S. Pedro e S. Martinho) e Couto disse que o grupo tem, ao abrigo do referido contrato de comodato, "toda a liberdade" para lá promover as iniciativas "que bem entender".
"A junta não pode, obviamente, interferir no plano de atividades do grupo", acrescentou Paula Belchior (PSD/CDS), para quem a polémica levantada à volta do striptease "não passa de uma tentativa de aproveitamento político".
No entanto, Paula Belchior acrescentou que o seu executivo "está aberto" para discutir um eventual "reajustamento" do texto do contrato de comodato, se alguém apresentar uma proposta nesse sentido.
"O contrato foi assinado pelo meu antecessor, o mesmo que agora vem levantar a polémica", assinalou, vincando que a contestação ao show de striptease "se restringe" a não mais de meia dúzia de pessoas (Jornal de Notícias)
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