sábado, 20 de fevereiro de 2016

Governo: os ministros ‘ricos’ e os ‘pobres’

Pergunta para mil euros: qual o membro do governo de António Costa com mais dinheiro guardado, à espera de dias difíceis que possam chegar? Respondeu Mário Centeno? Ou então, talvez, Manuel Caldeira Cabral? Até faria sentido, mas não. Esse lugar cabe a Francisca Van Dunem. A ministra da Justiça tem investidos em certificados de aforro e depósitos bancários – que divide com o marido, o fiscalista Eduardo Paz Ferreira – mais de 244 mil euros. E, já agora, quem será o ministro que mais ficou a perder ao aceitar integrar o Governo? Se a sua resposta foi Adalberto Campos Fernandes, acertou em cheio. O ministro da Saúde, gestor hospitalar até entrar na equipa de Costa, ganhava quase 181 mil euros, valor declarado em rendimentos de trabalho dependente e independente durante o ano de 2015.
Poupar e investir
De toda a equipa de governantes, o ministro da Economia está entre os que menos rendimentos declararam. No documento apresentado junto do Tribunal Constitucional – obrigatório por lei e onde deve constar tudo, desde património imobiliárioa aplicações financeiras, carros, motas, piscinas e por aí adiante –, Manuel Caldeira Cabral refere ter recebido pouco menos de 42 mil euros. Tudo com origem na sua atividade como professor universitário. Até podia ser que o ministro tivesse investido o seu património em aplicações, mas também não. Em ambos os ‘campeonatos’ (rendimentos e poupanças ou investimentos), Caldeira Cabral está nos últimos lugares da tabela. Entre participações em empresas e contas bancárias, soma mais de 29 mil euros.
Com menos poupanças e investimentos declaradas, só mesmo João Soares (8.450 euros) e Eduardo Cabrita (5.987 euros). As contas para este ministro-adjunto de Costa podem ser vistas de duas maneiras: isoladas, ou em conjunto com Ana Paula Vitorino, uma vez que são marido e mulher. Na sua declaração de rendimentos, a ministra do Mar apresenta ganhos de 48.229 euros, mas as poupanças são bastantes mais significativas do que as do marido: 92,5 mil euros em planos poupança e obrigações do Deutsche Bank.
Mas o banco alemão é apenas uma das instituições para as quais os ministros se voltam na hora de aplicar os seus rendimentos, juntamente com Millenium, Santander, Barclay’s (o predileto de Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, que ali acumula quatro contas diferentes), Montepio e CGD.
E as opções são mais que muitas. Maria Manuel Leitão Marques, por exemplo, tem tantas aplicações como o número de ministros que compõe o Governo. São 17, e todas diferentes: fundos japoneses, portugueses e europeus, ações na Pharol (antiga PT), Sonae, EDP, Brisa e BPI. Ao todo, só quase 156 mil euros dispersos pelas várias entidades.
Mesmo assim, Mário Centeno, o titular das Finanças, consegue igualar a colega da Modernização Administrativa no que toca ao número de aplicações: tem mais de 243 mil euros guardados em depósitos a prazo (só aqui são cinco), fundos de seguros e instituições financeiras.
Casas, carros e vespas
Há ainda há outro tipo de património reportado pelos governantes. Desde que chegou ao governo de Sócrates (como ministro da Administração Interna, em 2005) e depois como presidente da Câmara de Lisboa, Costa já registou seis carros diferentes: entre Smarts (foram dois), VW, Opel, Kia e BMW, o primeiro-ministro já teve de tudo. Alguns comprados e entretanto vendidos, outros simplesmente herdados. Há quem não tenha qualquer carro em seu nome: João Matos Fernandes (ministro doAmbiente) e Maria Leitão Marques são disso exemplo.
Mas também há quem tenha três carros em seu nome (João Soares, Augusto Santos Silva, Constança Urbano de Sousa e Ana Paula Vitorino) e também há quem mantenha vivo o legado do anterior ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, e inclua no seu património relíquias de duas rodas. Nomeadamente, Manuel Heitor e Tiago Brandão Rodrigues, os homens da Educação e do Ensino Superior, ambos com uma Vespa com lugar de destaque no património declarado.
Depois, há as casas (na cidade e no campo e além-mar) e os terrenos rústicos. Depois de ter apresentado uma declaração relativa ao ano de 2006, enquanto vogal do Conselho Superior do Ministério Público, Francisca Van Dunem juntou aos dois apartamentos que tinha em seu nome (um em Lisboa e outro em Troia) uma casa em Rosto de Cão, na ilha de S. Miguel (Açores). Azeredo Lopes, ministro da Defesa, partilha com dois irmãos uma quinta em Póvoa de Lanhoso composta por «vários prédios rústicos». Ao todo, o património imobiliário que detém vale mais de 260 mil euros.

Alguns governantes são vizinhos – Costa e Manuel Heitor têm casa na zona de Sintra – e apenas um dos membros do Executivo vive na margem sul do Tejo: Eduardo Cabrita, cuja residência oficial é no Lavradio, Barreiro (Sol, pelo jornalista Pedro Rainho) 

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