Quando, em Junho de 2013, o Governo grego fechou o canal público de televisão, abriu a porta para uma promessa de Alexis Tsipras na campanha para as eleições de Janeiro deste ano: o ERT, Hellenic Broadcasting Corporation, seria reaberto com um governo do Syriza. No final de Abril, voltou mesmo a emissão deste canal. Nesta segunda-feira, foi através da antena do ERT que a Grécia recebeu o derradeiro debate entre Alexis Tsipras e Evangelos Meimarakis, líder da Nova Democracia e principal opositor do ex-primeiro-ministro para as eleições de domingo. Meimarakis surpreendeu quando pediu aos responsáveis do canal para ajustar os meios técnicos de modo a que Alexis Tsipras não ficasse, artificialmente, mais alto na imagem transmitida pelos ecrãs. Um episódio que o jornal grego Enikos designa de momento da noite. Na frente política, os líderes dos partidos colocados pelos estudos de opinião como principais rivais na disputa pela governação da Grécia no novo capítulo do país como palco de um terceiro resgate - a sondagem conhecida no dia do debate colocou o Syriza e a Nova Democracia num empate de 31,6% - trocaram acusações e palavras retorcidas, conta a agência noticiosa oficial grega. Enquanto Tsipras garantiu que haverá um governo no dia após as eleições, Meimarakis considerou ser desejo dos gregos que os partidos formem uma "equipa nacional" para criar um plano de progresso para o país. "Se temos um caminho comum podemos cooperar, porque os gregos exigem uma equipa nacional. (...) Os gregos querem que cooperemos, para criar um novo plano sobre como o país será governado", respondeu, quando confrontado por um dos jornalistas acerca de uma eventual ligação ao Syriza após o acto eleitoral. O primeiro-ministro demissionário garantiu o respeito pelo voto dos cidadãos, mas assegurou também não formar coligação com a Nova Democracia. "Ou haverá um governo progressista, ou haverá um conservador", afirmou Tsipras, citado pela agência ANA-MPA. Num tema igualmente impactante na campanha eleitoral portuguesa, os candidatos melhor posicionados para a vitória de domingo foram confrontados com a sustentabilidade do sistema de pensões de reforma. Tsipras disse que o Governo já levou ao parlamento uma proposta, mas ficou a faltar tempo na legislatura - interrompida pela demissão do próprio - para a discutir. Acabou ainda por acusar o governo de coligação da Nova Democracia e dos socialistas do Pasok por terem retirado 25 mil milhões de euros de fundos de pensões. Na luta do "antes e depois", "nós e vocês", também conhecida no debate português, a troca de argumentos incluiu uma acusação do líder do partido que governou a Grécia antes das eleições antecipadas de Janeiro: "O Sr. Tsipras esqueceu-se que em 2013-2014 estávamos a mover-nos na direcção do crescimento e que em 2014 o país teve um PIB positivo. Nós trouxemos todos os investimentos". No que considera a abertura de porta a uma cooperação pós-eleitoral com os partidos Potami e Pasok, o jornal Enikos diz que Tsipras mudou de tom face a estas forças do centro, evitando acusações. Os Gregos Independentes, ANEL, voltarão a ser chamados, disse Tsipras, segundo a ANA-MPA. Já nesta terça-feira, o líder deste partido, Panos Kammenos, parceiro de coligação do Governo do Syriza que durou de Janeiro a Agosto, veio afirmar a sua indisponibilidade para novo acordo, caso o Syriza se coligue com o Pasok após as eleições - vai ainda mais longe, dizendo que se o Anel não for eleito para o Parlamento, então, Kammenos abandonará a política. Após a batalha dos argumentos, os gregos terão cinco dias para decidir em que partido votar. Ou simplesmente se irão votar. Um quinto dos eleitores ainda não decidiram o que fazer, indicam as sondagens. Lá, como cá, os indecisos poderão ser o fiel da balança (Económico)
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