quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Nuvens negras sobre a retoma europeia

A manhã foi marcada por uma série de indicadores macroeconómicos, que espelham a falta de consistência da retoma económica europeia. Vamos por partes.
A taxa de desemprego subiu em quatro países da União Europeia. Portugal foi um deles, já se sabia, mas também a Alemanha padeceu do crescimento do número de desempregados. Por cá houve também uma quebra na produção industrial, enquanto as vendas a retalho mantiveram-se a crescer em Agosto, mas a um ritmo inferior ao registado anteriormente. Tudo sinais de que a melhoria da confiança ainda não está a ter um suporte em várias áreas importantes.
A nível europeu, uma notícia que vai marcar os próximos tempos. A primeira estimativa aponta para que a inflação europeia tenha voltado a terreno negativo, em Setembro, devido sobretudo à pressão da descida do custo dos combustíveis. Desde Abril que o valor não era negativo, e coloca agora uma questão ao BCE: com o ‘quantitative easing' no terreno, com o objectivo exactamente de suportar uma alta moderada dos preços, será que o plano está a funcionar? E o que mais poderá ser feito nesse sentido?
Foi também divulgado o Relatório de Competitividade Mundial 2015-2016, do Fórum Económico Mundial, e Portugal não fica bem na fotografia. Caiu duas posições face à análise anterior e está no número 38, num ‘ranking' liderado pela Suíça, pelos EUA e por Singapura, seguindo-se a Alemanha, que melhorou um nível.
Apesar das dúvidas lançadas pela economia real, as praças europeias estão a viver um dia positivo, depois da instabilidade das últimas semanas. No dia em que termina o terceiro trimestre, o período será de perdas, apesar da recuperação de hoje. O entusiasmo veio já da sessão das bolsas asiáticas mas parece tratar-se sobretudo de uma reacção técnica depois da derrocada da Volkswagen e de outros títulos do sector automóvel. Por cá, só a Teixeira Duarte mostrava dificuldade em acompanhar a valorização geral, num dia em que a estrela era a Mota-Engil. O grupo liderado por Gonçalo Moura Martins anunciou ontem após o fecho da sessão que chegou a acordo com a Yilport, do grupo turco Yildirim, para vender a posição na Tertir e noutros activos, garantindo um encaixe de 275 milhões de euros. Por falar em Volkswagen, hoje foi a vez de Wolfgang Schauble, o todo-poderoso ministro das Finanças da Alemanha, defender que "a Volkswagen não será a mesma empresa e terá de mudar estruturalmente".
No mundo dos negócios, o destaque vai para um grande compra em Portugal. Foi na área das energias renováveis, que continuam a ser um dos activos mais animados no que toca a fusões e aquisições.
A nível internacional, o cerco parece estar a apertar-se à volta do Estado Islâmico. Vladimir Putin veio reforçar que irá dar "todo o apoio" às tropas do governo sírio. Aquilo que divide o presidente russo e Obama e Hollande é o que fazer com Al-Assad, que não merece a confiança destes. Para já, parece que a lógica adoptada será "um problema de cada vez", e a prioridade é debilitar e derrotar a força terrorista islâmica que tem na Síria o seu principal foco.
Depois de o FC Porto ter derrotado o Chelsea ontem à noite, e antes de o Benfica entrar em campo contra o Atlético de Madrid, na capital espanhola, o futebol de gabinete dá que falar. Michel Platini, presidente da UEFA, pode vir a ser também visado nas investigações sobre Blatter e a FIFA. Quem o diz é o procurador-geral suíço, que revela que, para já, o antigo número 10 da selecção francesa está entre o estatuto de testemunha e o de arguido.
Voltando a Portugal, e a quatro dias das eleições legislativas, os partidos estão na rua, na hora do tudo por tudo. O PS está a forçar a nota do voto útil, procurando estancar a perda de eleitorado para a CDU ou o Bloco de Esquerda. Manuel Alegre foi umas das figuras que se juntou à campanha, que não contará com António Guterres. Do lado da coligação, Passos Coelho decretou o fim da "ditadura financeira", enquanto o militante/comentador Marques Mendes discursou para deixar várias mensagens: elogios rasgadíssimos a Passos Coelho e Paulo Portas, pedido de uma maioria qualificada para a coligação e alertar para o risco de ingovernabilidade no futuro, com a possibilidade de ser "cozinhado um Governo nas costas do povo".
Para terminar, uma notícia que agradará aos fãs de séries e não só. A Netflix começa oficialmente a operar em Portugal a 21 de Outubro, baseando-se no modelo de televisão por internet, a partir de 7,99 euros por mês (texto do jornalista Tiago Freire do  Económico)

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