A norte-americana Katie Ledecky voltou a deixar Kazan de pantanas, ao
conquistar este sábado o 1º lugar nos 800m livres, elevando para cinco o total
de medalhas de ouro nesta edição dos Mundiais de natação. Ledecky, que terminou a prova em 8m07,39s, bateu a sua marca mundial
estabelecida em 2014 (8m11s) e soma já nove recordes. Atrás de si, ficou a
neozelandesa Lauren Boyle (8m17,65s) e a britânica Jaz Carlin (8m18,15s). Desde
que chegou a Kazan (Rússia) e se fez à água, Katie Ledecky, 18 anos, nascida em
Washington, tem sido o centro das atenções. Seja porque ninguém esperava vê-la
em tão excelente forma, apesar de vários triunfos passados (em 2012 venceu a
medalha de ouro nos 800m livres nos Jogos Olímpicos de Londres, única prova em
que estava inscrita, ela que tinha apenas 15 anos e era a mais nova da equipa e
da comitiva norte-america, e em 2013 conquistou cinco títulos nos mundiais de
Barcelona), seja porque tem batido recordes a torto e a direito, uns atrás dos
outros, como se fosse coisa fácil. Quando bateu a sua própria marca, diz-se que
quase por acidente, nas eliminatórias dos 1500m livres, disse que tinha sido,
provavelmente, "o recorde mais cool" da sua carreira. Escusado será
dizer que na final voltou a superar a sua marca, com o tempo de 15m25,48s.
A Ledecky, de facto, as coisas não podiam estar a correr melhor.
Conquistou o ouro nos 200m, 400m, 800m e 1500m livres (feito que nenhum outro
nadador havia conseguido numa só edição dos Mundiais), bem como na estafeta de
4x200m livres. "Não sou capaz de abrandar em nenhuma prova", disse
numa entrevista, como se isso não fosse já óbvio. Tem sido comparada a outros
atletas, aos grandes. Frank Busch, treinador há 35 anos, disse que nunca viu
ninguém como Ledecky, essa "força rara da natureza", quase bizarra,
como sugere a palavra a que recorre, superior a todos, provavelmente até a
Michael Phelps, e Dick Jochums comparou-a ao atleta que treinou durante anos, o
medalhado Tim Shaw, que tem "talento", é verdade, mas um talento que
vem da capacidade de trabalho, ao contrário de Ledecky, que nada como se a água
fosse sua, e não se importasse de a ceder às vezes aos outros. Katie Ledecky é, sabe-se, a menina-prodígio de quem tudo se espera
agora, mas muito já fez ela, ao fazer história nesta edição do Campeonato do
Mundo de Kazan (Expresso)
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