quinta-feira, 21 de maio de 2015

Varoufakis, o fã: admiro Schäuble. Varoufakis, o rebelde: desejo contrariá-lo

"Mais uma entrevista, mais considerações: o ministro grego explica o que aprecia e o que o irrita no homólogo alemão. E pormenoriza os preconceitos que observa em Schäuble. Contam as testemunhas presentes nas reuniões do Eurogrupo que, durantes as repetidas negociações sobre a dívida e as reformas económicas da Grécia, o confronto entre Yanis Varoufakis e Wolfgang Schäuble é constante. Os dois (quase) nunca estão a puxar para o mesmo lado. Pode parecer contraditório, mas Yanis diz admirar o governante alemão e explica que a relação entre os dois é composta por muitas camadas: “Há uma certa admiração de me encontrar com uma figura lendária, cujo trabalho há décadas acompanho. Por outro lado, há um forte desejo de contrariar a sua abordagem abrangente sobre os problemas comuns da Europa”. Este é um excerto, divulgado esta quarta-feira, de uma entrevista que Yanis Varoufakis concedeu ao semanário alemão “Die Zeit”. A entrevista na íntegra é publicada esta quinta-feira. O ministro helénico lamenta que quando os dois conversam, não consigam falar “num contexto democrático em que os argumentos contem mais do que o poder relativo”. Varoufakis considera que Wolfgang Schäuble não foi correto com a análise que fez da crise grega, acusando o alemão de achar que os anteriores governos são um espelho do que são os gregos. “Acho que ele cometeu erros - da mesma forma que acho que ele pensa que eu errei nas minhas análises. Associa os anteriores governos gregos à população grega, como se um refletisse o carácter do outro.” Outras das condenações referidas por Varoufakis é a posição do ministro das Finanças germânico sobre partidos como o Syriza. “Não aprecia o quão útil podia ser para os países do norte da Europa encontrar uma movimento com um modus vivendi [como o Syriza, na Grécia], que pode ser crítico para as instituições europeias, mas que é profundamente pró-europeu e ansioso por ajudar a Europa a ser mais unida”, justifica. Já muitas vezes se escreveu e se disse que Varoufakis e Schäuble só concordam em discordar, mas ao que parece não é bem assim. O grego garante que têm mais um ponto em comum. Os dois concordam que “a Europa precisa de união política e que sem isso a união monetária é problemática” (fonte: Expresso)
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Yanis Varoufakis. “Raios me partam se aceitar mais austeridade”
“Não vou humilhar-me a mim próprio e não vou deixar-me comprometer nos meus princípios e na minha lógica”, garante Yanis Varoufakis, ministro das Finanças da Grécia, que foi entrevistado no início do mês para um perfil traçado pelo The New York Times. Citado pela jornalista que elaborou o perfil, Varoufakis deixou um alerta, em “tom furioso“: “Raios me partam se aceitarei mais um pacote de políticas económicas que perpetuem esta mesma crise“. A entrevista a Varoufakis foi feita depois de uma tournée pelas capitais europeias em que Yanis Varoufakis voltou a ouvir as exigências dos credores internacionais para que se diga que a Grécia concluiu a quinta e última avaliação do segundo resgate, o que desbloquearia financiamento essencial para Atenas. Garantindo que não se vergará perante as exigências dos credores, Varoufakis diz que não foi eleito para aceitar mais pacotes de austeridade e que, antes de o fazer, se demitirá. Mais medidas de austeridade “não são algo bom para a Europa, nem são algo bom para a Grécia”. Yanis Varoufakis reconhece que “não há dúvida de que a economia, agora, está muito pior como consequência das negociações duras”, o ministro das Finanças diz que esse é o preço a pagar para que a Grécia obtenha um acordo favorável em breve. A quebra da economia, que voltou à recessão no primeiro trimestre, é um “investimento, e como qualquer investimento envolve um custo de curto prazo”, refere Yanis Varoufakis. “O que queremos é que quem tem hoje 15, 16, 17 anos, que tenha alguma hipótese [de ser bem sucedido] quando tiver 20 anos, é isso que importa”, remata o ministro das Finanças da Grécia" (fonte: Observador)

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