sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Jornais vedam conteúdos a leitores que usem bloqueadores de anúncios

"Como dependemos da publicidade para financiar o nosso jornalismo, por favor desactive todos os bloqueadores de anúncios para ver o resto deste conteúdo". Esta é a mensagem que surge no ecrã dos leitores do City AM, jornal diário britânico de acesso gratuito, e que se deverá tornar cada vez mais comum nos ‘sites' de notícias.
Antes, já o "Bild", jornal do grupo alemão Axel Springer e um dos títulos europeus com maior tiragem, tinha tomado uma decisão semelhante. O grupo anunciou, no início deste mês, que, para acederem aos conteúdos do ‘site', os utilizadores que tenham instalado bloqueadores de anúncios vão ter de optar por desligar o ‘software' ou pagar uma mensalidade de 2,99 euros para navegar sem publicidade. "Quem não desligar o ‘ad blocker' [bloqueador de anúncios] ou não pagar não vai poder ver qualquer conteúdo no ‘Bild.de', a partir de agora", avisou o grupo em comunicado.
A crescente popularidade dos programas que permitem aos utilizadores bloquearem os conteúdos publicitários em qualquer dispositivo é mais uma "dor de cabeça" para os ‘publishers', que ainda lutam para sobreviver com as receitas da publicidade ‘online'. Os mais afectados serão os ‘sites' abertos, em que a comercialização de anúncios é feita por terceiros, como o Google.
Cerca de 200 milhões de pessoas instalaram este tipo de ‘software' nos seus dispositivos ao longo de 2014, mais 40% do que no ano anterior, revelou o "The Guardian". Nas contas da Adobe and PageFair, empresa com sede em Dublin que fornece sistemas anti-bloqueadores de anúncios, citadas pelo jornal britânico, este crescimento resultou em perdas para a indústria publicitária de 22 mil milhões de dólares (19,3 mil milhões de euros).
Muitos utilizadores recorrem a estes programas porque consideram que a publicidade é intrusiva ou torna a abertura das páginas mais lenta. Recentemente, a Apple lançou um novo sistema operativo, o iOS 9, que facilita a utilização de ‘software' bloqueador de anúncios.
Qualquer leitor do City AM que recorra a este ‘software' vai depara-se com o seguinte aviso no ‘desktop': "Estamos com dificuldades em mostrar-vos anúncios nesta página, o que pode ser resultado da presença de um ‘ad blocker' no seu dispositivo". A decisão surgiu depois do título ter constatado que 20% da sua audiência utilizava este ‘software'.
Em declarações ao Diário Económico, Luís Mergulhão, CEO do Omnicom Media Group, já tinha avançado que esta seria muito provavelmente a estratégia utilizada pelos media para fazer frente a mais este obstáculo, garantindo que este tipo de programas terá "uma eficácia muito reduzida". "Gratuitidade e universalidade são as duas qualidades que mais se associam à informação na internet, por isso será fácil para os produtores de conteúdos determinarem que quem bloqueia anúncios também não poderá ter acesso à informação que quer ter", argumentou (Económico)

Sem comentários:

Enviar um comentário