sábado, 13 de junho de 2015

Plano de ajustamento da TAP é para avançar. E traz cortes

O plano de ajustamento da TAP pedido pelo governo para conter as despesas da companhia aérea nacional vai mesmo avançar. Agora que o novo acionista privado da empresa já é conhecido, o executivo está em condições de escolher as medidas que vão pautar a reestruturação financeira da TAP. Sem certezas de quando estará concluído o processo de venda da empresa, uma coisa é certa: o programa de ajustamento avança antes de a nova equipa de Neeleman e Pedrosa estar em funções, apurou o Dinheiro Vivo junto de fonte ligada ao processo. "O plano deverá estar implementado antes do final do processo de venda", afirmou a mesma fonte, admitindo que terão de ser feitas alterações nas medidas já propostas pela equipa de Fernando Pinto de modo que haja uma facilitação do objetivo de maximização do encaixe para o Estado com a venda. Ou seja, em vez dos 354 milhões mínimos propostos por David Neeleman e Humberto Pedrosa, o Estado possa ver esse valor subir para 488 milhões de euros. Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes confirmou ontem isso mesmo. "Pedimos à TAP que pudesse olhar agora, novamente, para esse plano de ajustamento e que fosse previsível que no final do ano a performance da TAP permitisse cumprir o objetivo previsto." O que significa? Que "o plano de ajustamento que a TAP propôs tem agora de ser ajustado para ter em consideração o objetivo previsto no início do processo de privatização. O objetivo de o Estado receber mais dinheiro", disse o responsável. É que na proposta apresentada pelo consórcio Gateway, liderado por Humberto Pedrosa (51%) e por David Neeleman (49%), e perante a instabilidade da aviação europeia e a concorrência das low cost, associada a finanças frágeis, são pedidos bons resultados para mais dinheiro. Se correr bem, o Estado português recebe 10 milhões de euros - dois milhões quando assinar o contrato e oito milhões na concretização da operação; entre seis e 50 milhões pelos 34% que ainda mantém durante dois anos; e 90 milhões de euros como condição de uma venda em bolsa no prazo de quatro anos.
O Dinheiro Vivo sabe que os dois investidores que venceram o processo estabelecem um intervalo de crescimento do EBITDAR da TAP entre 250 e 300 milhões este ano. E o Executivo aceitou, já que entende que este resultado não é difícil de atingir, uma vez que faz parte do histórico financeiro da TAP nos últimos cinco anos. A pesar negativamente está, todavia, a má prestação da companhia em 2014, bem como os 35 milhões de euros perdidos com a greve de dez dias dos pilotos. Caso não seja possível atingir um crescimento mínimo de 250 milhões, o Estado será penalizado. Por cada 1% de desvio no cumprimento deste objetivo a fatia a ganhar com a venda dos restantes 34% vai baixando de 50 milhões até ao mínimo de seis milhões de euros. Apesar de ainda estar por afinar, o plano de ajustamento da TAP deverá incidir maioritariamente no corte de despesas com rotas pouco rentáveis e que "ainda são algumas". Este exercício terá de ser bem ponderado pela equipa de Fernando Pinto e pelo próprio executivo, uma vez que poderá, igualmente, envolver o corte de equipas. A lógica é simples: redução de rotas, menos aviões, menos colaboradores necessários.
Como a conclusão do processo de venda ainda parece estar distante e as novas equipas delineadas por Pedrosa e Neeleman longe de chegar à administração da TAP, será Fernando Pinto a chefiar este processo a par do Ministério da Economia. Ainda assim, como já existe um "dono privado" para a TAP, as decisões que tenham impacto relevante - como é o caso do plano de ajustamento - devem ser tomadas com conhecimento dos dois investidores. Sempre que estes estejam contra alguma destas decisões podem, e devem, apresentar soluções alternativas. Humberto Pedrosa detém 51% do consórcio Gateway e David Neeleman 49%. Por isso, o português vai poder designar mais membros para o conselho de administração da companhia aérea, grupo que muito dificilmente entrará em funções antes do início do próximo ano, tendo em conta todos os passos que ainda estão por tomar. Como o Dinheiro Vivo escreveu ontem, o governo espera assinar o contrato com Neeleman e Pedrosa ainda neste mês e facilitar uma decisão de Bruxelas o mais depressa possível. A Comissão Europeia vai averiguar a legalidade do processo de privatização tanto pela autoridade dos transportes como da concorrência. O mesmo deverá ser feito pelo ANAC, o regulador nacional da aviação civil. O processo pode demorar mais ou menos tempo mediante as dúvidas levantadas pelos vários organismos e que podem relacionar-se com concentração de poder no mercado, análises sobre concentração de mercado, estratégias de concorrência ou até cumprimento das regras europeias que impedem a detenção e o controle por parte de concorrentes não europeus. Este tempo pode ser determinante para garantir se o processo vai ou não a bom porto. É que as legislativas estão à porta e o Partido Socialista ameaça reverter o processo por considerar que a TAP não deve ser detida em mais de 49% por um agente privado. Problema: julho será um mês a meio gás e em agosto as instâncias praticamente param. Fica a dúvida: será que o processo vai ficar fechado a tempo de evitar as ameaças socialistas ou não há tempo suficiente? (fonte: Dinheiro Vivo
)

Sem comentários:

Enviar um comentário