Vêm do Japão as imagens inéditas que mostram, célula
a célula, o comportamento do cancro num rato. Uma equipa de investigadores da
Universidade de Tóquio e do Centro de Biologia Quantitativa Riken desenvolveu
uma técnica que permite acompanhar a forma como cada célula cancerígena se
espalha no corpo de um rato. Para a experiência, o roedor foi injetado com um
tecido cancerígeno, modificado para ser fluorescente. Depois de deixarem o
cancro progredir, os cientistas recorreram a químicos capazes de deixar o corpo
e os órgãos internos do rato altamente transparentes, tornando assim possível
acompanhar, como se vê no vídeo, a evolução da doença. As imagens mostram os
tecidos saudáveis a verde, com o cancro a aparecer a cor de rosa.
O estudo, publicado no Cell Reports, detalha como a
doença se desenvolveu nos pulmões, nos intestinos e fígado do rato antes de se
espalhar pelo corpo. Hiroki Ueda, um dos responsáveis pela investigação,
adiantou à BBC que a equipa está agora a aplicar a tecnologia a amostras de
tecido humano, na esperança de entender melhor como o cancro de propaga,
formando metástases, momento a partir do qual é muito mais difícil controlá-lo.
“As imagens revelam colónias cancerígenas, com
detalhe suficiente para calcular os seus formatos, volumes e distribuições –
características cruciais para diferenciar os padrões de metástase”, explica
Hiroki Ueda. Com esta nova técnica, a equipa espera esclarecer o
ainda em parte misterioso processo de formação de metástases, sobretudo no que
diz respeito à "viagem" pela corrente sanguínea, que implica entrar e
depois sair através das paredes dos vasos sanguíneos.
"A maioria das células cancerínegas não têm
tanta sorte e morrem durante a viagem", explica Kohei Miyazono, outro dos
investigadores. "Mas as imagens obtidas através do novo método sugerem que
as células tratadas com TGF-beta, uma proteína que regula o crescimento e a
diferenciação celular em humanos e que é produzida em grandes quantidades por
alguns cancros, têm muito mais probabilidade de sobreviver à viagem e formar
postos avançados malignos"
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