A rádio, que celebra dia 13 o seu Dia Mundial, tem origens históricas muito próximas nos dois lados da fronteira que divide a Península Ibérica. Enquanto em Espanha a primeira emissão ocorre em Setembro de 1923 através da Rádio Ibérica, o mesmo acontece no espectro português logo no ano seguinte. Desde esses tempos pioneiros, a rádio ganhou expressão e popularidade, tornando-se o grande meio de comunicação social durante várias décadas. Sofreu, nos anos 60, o primeiro grande embate com o apelo visual da nova caixa mágica - a televisão - e, mais recentemente, adaptou-se à (e adotou a) Internet. Os serões familiares à volta do móvel cheio de válvulas já são uma imagem nebulosa de um passado remoto, mas a rádio soube assimilar as novas tecnologias e os novos hábitos, ganhando expressão noutros momentos e locais dos nossos ciclos diário, como veremos mais à frente. A data de comemoração do Dia Mundial da Rádio foi escolhida pela UNESCO em 2011, pois foi neste dia, em 1946, que a United Nations Radio (Rádio das Nações Unidas) emitiu, pela primeira vez, um programa em simultâneo para um grupo de seis países. E é a propósito desta comemoração que aqui traçamos o panorama geral das audiências da rádio em Portugal e sua comparação com as audiências no nosso país vizinho. Em Espanha, os dados de audiências de rádio são produzidos no âmbito do Estudio General de Medios (EMG), da Asociación para la Investigación de Medios de Comunicación (AIMC), com uma metodologia de recolha muito semelhante à do Bareme Rádio, da Marktest: ambos os estudos utilizam a entrevista telefónica e a recolha através do preenchimento de um questionário online.
No global se queda igual, mas mais masculino em Portugal
No global, a escuta de rádio (análise a partir dos dados de Audiência Diária de Rádio apresenta valores relativamente próximos entre os dois países, com uma diferença de penetração de apenas 3 pontos (57% dos portugueses e 60% dos espanhóis). No entanto, a composição dos ouvintes apresenta algumas diferenças relevantes entre os dois países.
Na análise por sexo, os homens predominam face às mulheres, com um empate técnico entre os dois países. No entanto, encontram-se diferenças acentuadas no Reach feminino, onde as espanholas atingem um valor superior, em oito pontos percentuais, às portuguesas.
A Rádio Juventude e La Rádio Media Edad
Ambos os países apresentam curvas etárias progressivas, mas com diferenças relevantes de perfil, onde se destaca a maior juventude dos nossos ouvintes. Enquanto a curva espanhola é relativamente simétrica, com o máximo no segmento 35-44 anos, a curva etária lusa é mais acentuada, com o pico no segmento anterior e com uma assimetria favorável aos segmentos mais jovens.
Para ambos os países, a penetração nos escalões mais jovens enquadra-se no intervalo entre 57% e 63%. Já nos dois grupos seguintes, abrangendo dos 25 aos 44 anos, o nível de audiência de rádio é claramente superior em Portugal, sendo escutada diariamente por 3 quartos dos portugueses dessas idades, enquanto em Espanha é escutada por dois terços. A partir dos 55 anos, a tendência inverte-se. Comparativamente, há mais ouvintes espanhóis de rádio nos escalões etários superiores, com o pico de diferença no segmento mais idoso, onde a penetração da rádio espanhola é superior em 16 pontos percentuais.
Perfis ibéricos
E quais as diferenças entre perfis de ouvintes dos dois países?
Quando comparados os perfis dos ouvintes lusos, encontramos um peso ligeiramente maior do sexo masculino nos ouvintes portugueses, comparativamente aos nossos vizinhos.
Mas as maiores diferenças de perfil são encontradas nas quotas por escalão etário. Enquanto os portugueses com 25 a 34 anos representam 21% do total dos ouvintes diários de rádio, os espanhóis da mesma idade representam apenas 16% (5 pontos percentuais de diferença). A relação vai-se invertendo com a idade, como atrás referido na análise de penetração pela mesma variável e obtém o maior contraste no escalão dos mais idosos, onde Espanha consegue mais 4 pontos percentuais do que Portugal.
A rádio nas rotinas diárias
É no começo de mais um dia de trabalho que, tanto os portugueses como os espanhóis, apresentam mais consumo de rádio. Mas a similitude termina aí e, logo no período seguinte, os perfis já divergem. E essa diferença acentua-se a partir do meio do dia. Enquanto por lá, após o "almuerzo" continua a descida de escuta, apenas com uma ligeira inflexão a meio da tarde, por cá, este é um período de recuperação, até ao segundo pico do dia, pelas 18 h.
Numa visão geral, e segundo os dados do Bareme Rádio e do EGM que nos serviram de fonte para esta breve análise comparada, a rádio apresenta níveis globais de consumo muito próximos, mas com algumas distinções relevantes quanto aos perfis sócio-demográficos e ao ciclo diário de consumo.
Fontes e metodologia:
Para as nossas análises comparativas de audiências, utilizámos períodos de análise com o máximo de equivalência possível. No Bareme Rádio, utilizaram-se os dados acumulados de Janeiro a Dezembro de 2015, resultantes de 16 990 entrevistas. Para o EMG foram considerados os dados acumulados das três últimas vagas móveis, de Fevereiro a Novembro de 2015, resultantes de 79 093 entrevistas. O Bareme Rádio estuda a população residente em Portugal Continental com 15 e mais anos (cerca de 8 milhões e 564 mil indivíduos), enquanto o EMG estuda a população residente em todo o território espanhol, com 14 e mais anos (cerca de 39 milhões e 724 mil indivíduos). (Marktest.com, Fevereiro de 2016)
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