A reversão do acordo da TAP foi um dos pratos fortes do programa "Falar Claro" da Renascença, com o social-democrata Nuno Morais Sarmento e o socialista Vitalino Canas.
O social-democrata Nuno Morais Sarmento critica a renegociação da venda da TAP ao consórcio Atlantic Gateway e diz que se fosse o empresário David Neelman deixava Portugal.
“Se eu estivesse no lugar de David Neelman faria duas coisas: Não entrava em guerra com o Governo e, provavelmente, à primeira oportunidade punha-me a andar daqui”, afirma o antigo ministro da Presidência na edição desta semana do programa “Falar Claro” da Renascença.
Morais Sarmento considera que este é um negócio inviável, só possível porque o consórcio Atlantic Gateway, de David Neelman e Humberto Pedrosa, não podia entrar em conflito com o Governo de António Costa.
"É evidente que um empresário colocado numa situação como esta, em que tem o Governo do país em que vai actuar, relativamente ao qual acabou de entrar na companhia aérea de bandeira, entrar em guerra com o Governo desse país leva-o a algum lado? Eu se calhar também pensava duas vezes se fosse David Neelman e se calhar até teria que encontrar uma solução que fosse acordada com o Governo, mas não era por minha escolha, é porque tenho a noção das coisas e sei que eu entrar em guerra com um país que é tão esquizofrénico e alucinado quanto querer soluções destas.”
Segundo o memorando assinado no sábado, o Estado fica com 50% do capital da TAP, o consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neelman com 45% e os restantes 5% podem ser adquiridos pelos trabalhadores. Este acordo reverte um outro assinado nos últimos dias do Governo PSD/CDS, em que Humberto Pedrosa e David Neelman ficavam com 61% da TAP.
Para Nuno Morais Sarmento, este é um negócio que ninguém quer fazer, porque “nenhum de nós faz uma empresa a meias”.
“Algum de nós faz uma empresa em que ninguém decidisse? Em que um decide o dia-a-dia da gestão, mas o outro tem as opções estratégicas? Mas estamos a brincar aos cinco cantinhos? Ninguém é dono, a gente nem sabe se aquilo é público ou privado. A gestão é privada, mas o capital parece que é 50% público.”
Na resposta, o deputado socialista Vitalino Canas é peremptório em afirmar que o maior accionista passa a ser o Estado.
"Não, não vai ser nenhuma empresa a meias, porque o Estado vai ter 50%, os privados vão ter 45%, mais as acções que não forem vendidas aos trabalhadores da TAP. Era necessário que não fosse vendida uma única acção a um único trabalhador da TAP para que a empresa passasse a ser a meias, mas isso não vai suceder, portanto isso vai significar que o Estado vai manter a maioria, vai ser o accionista maioritário da TAP com 50%”, sublinha Vitalino Canas no “Falar Claro” da Renascença (Renascença, pela jornalista Raquel Abecasis)
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