Wasil Ahmad passou
a combater ao lado da polícia depois de ter assistido à morte do pai, às mãos
dos talibãs. Acabou assassinado por eles também. Mas os grupos defensores dos
Direitos Humanos dizem que a sua morte precoce tem mais culpados. Morreu aos
dez anos, assassinado por talibãs, no que foi entendido como um ato de pura
vingança. É que, apesar da tenra idade, Wasil Ahmad ficou conhecido por
combater precisamente os talibãs, um herói feito à pressa, depois de há cerca
de um ano ter assistido à morte do pai - membro da polícia local afegã -
durante um combate com elementos do movimento fundamentalista. Apesar de no
Afeganistão ser ilegal o recurso aos meninos soldados, Wasil ficou conhecido
pela determinação com que pegava na Ak-47, pisando em várias ocasiões os
cenários de luta contra os insurgentes. Ao lado do tio,
também ele na mira dos talibãs, após ter desertado do grupo para se tornar um
chefe policial, ao lado do Gverno, Wasil ganhou notoriedade e chegou a desfilar
perante as câmaras televisivas fardado como os agentes oficiais.
Tinha desistido,
porém. Há algumas semanas abandonou a ‘guerra’ para se dedicar aos estudos. Ia
a caminho da escola quando foi atingido, ainda que tenha morrido já no hospital
e, segundo o jornal espanhol “El Mundo” assassinado à queima-roupa por um homem
que lhe apontou à cabeça e disparou duas vezes. O porta-voz da Comissão Independente
pelos Direitos Humanos no Afeganistão, não responsabiliza, no entanto, apenas
os talibãs por esta morte. Aponta o dedo ao Governo afegão e à família do
rapaz. Rafiullah Baidar frisa que, ainda que Wasil tivesse decidido pegar em
armas depois da morte do pai, “é completamente ilegal a polícia aceitá-lo nas
suas fileiras, para o apresentar como herói e revelando a sua identidade
publicamente”. Usá-lo como instrumento de propaganda ajudou a torná-lo um alvo,
insistiu Baidar, lamentando que crianças continuem a ser recrutadas como
combatentes em ambos os lados do conflito (Expresso)
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