Cinco milhões de somalis, ou seja, mais de 40% da população do país não tem comida suficiente, indicou esta terça-feira o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), apelando à comunidade internacional para desbloquear mais fundos. Aquele número representa um aumento de 300.000 pessoas em relação a um relatório de fevereiro. "Os parceiros humanitários estão dispostos a aumentar o seu apoio para ajudar as famílias em dificuldade a arranjarem a comida de que precisam diariamente", declarou Peter De Clercq, coordenador humanitário da ONU para a Somália. "O plano de emergência humanitário para a Somália em 2016 foi financiado em 32% e é urgente desbloquear mais fundos para apoiar os esforços para lutar contra a desnutrição e promover o acesso à alimentação", adiantou. Segundo um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 1,1 milhões de somalis não podem satisfazer as suas necessidades alimentares diárias e 3,9 milhões precisam de ajuda para evitarem essa situação. Os números incluem 300.000 menores de cinco anos com desnutrição aguda, entre os quais 50.000 gravemente desnutridos. A Somália foi afetada pelo fenómeno meteorológico El Niño, uma corrente quente do Pacífico que reaparece a cada cinco a sete anos e que provocou uma grave seca no norte do país. A desnutrição afeta particularmente os 1,1 milhões de somalis deslocados, indica o OCHA, assinalando que muitos deles "vivem em terríveis condições em campos dispersos por todo o país". "A única verdade é que hoje na Somália, o impacto da vulnerabilidade face ao clima, do conflito e dos deslocamentos (da população) ultrapassa a capacidade de resistência das pessoas", declarou Richard Trenchard, responsável da FAO para a Somália. Em 2012, uma grande seca ocorrida durante a guerra civil provocou uma fome que causou mais de 250.000 mortos. Uma anterior seca, 20 anos antes, tinha feito o mesmo número de vítimas mortais (Lusa)
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