Normalmente preocupadas com o impacto que possam ter, as análises de
instituições financeiras sobre a economia mundial costumam ser cautelosas com a
acutilância das expressões utilizadas. Apelos à venda generalizada e palavras
como “cataclísmico” não costumam constar nestes documentos, mas a nota do Royal
Bank of Scotland (RBS) a investidores é excepção. Apesar de sublinhar que “há
uma diferença entre a previsão de algo e a sua concretização”, o documento
datado de 8 de Janeiro aconselha os investidores a "vender tudo menos
obrigações de qualidade elevada”.
“Numa sala cheia de gente, as portas de saída tornam-se apertadas”,
lê-se no documento em que Andrew Roberts, líder da equipa de analistas de
mercado de crédito do RBS, explica que “o que está em causa é o retorno do
capital e não o retorno sobre capital”.
Na base da previsão da instituição financeira estão dois grandes
factores: a desaceleração económica chinesa e o facto de a Reserva Federal
norte-americana ter começado a subir a taxa de juro, algo quer não acontecia há
nove anos. Andrew Roberts entende que a “grande correcção” iniciada pela China,
a segunda maior do mundo, vai ter um efeito de “bola de neve”. Considerando que a actual conjuntura “parece similar a 2008”, o RBS
avalia que o “ano cataclísmico” pode então resultar em perdas entre 10% e 20%
de capitalização bolsista, com o barril de petróleo a derrapar até aos 16
dólares (14,74 euros). O líder da equipa de analistas baseia-se na perda de capitalização
bolsista chinesa, na baixa do preço do petróleo e na descida dos preços de
outras matérias-primas desde que foi publicada a última previsão do RBS (em
Novembro de 2015), para sustentar o actual cenário. O preço do barril de petróleo tem vindo a efectuar uma trajectória
descendente, atingindo o ponto mais baixo desde 2004 na última quarta-feira,
quando ficou abaixo da barreira dos 30 euros. O conflito diplomático entre a
Arábia Saudita e o Irão vem contribuir para que o preço se mantenha baixo, uma
vez que impede a concertação entre os dois países asiáticos. A baixa das taxas de juro e programas como a compra de dívida pelo Banco
Central Europeu têm apoiado os mercados, mas o início do aumento das taxas de
juro pela Reserva Federal retira o estímulo, avalia o RBS. Para o Royal Bank of Scotland, vários eventos políticos na Europa podem
fomentar a volatilidade dos mercados no início de 2016, com destaque para a
questão eleitoral espanhola (Público)
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