Com 2015 à beira do fim, o Banif entrou para uma lista onde antes já
tinham entrado, por razões diferentes, bancos como o BPP, o BPN ou o BES. Mas
não é só ao nível das instituições que o setor bancário em Portugal foi alvo de
mudanças nos últimos anos. Também muitos rostos mudaram. Com a queda de um banco caem também figuras de relevo. Alguns veem-se
obrigados a refazer a vida noutros negócios. Outros há que, pelas suas ligações
à política, viram a sua carreira viver mudanças. E há até quem ainda esteja
envolvido em processos judiciais. A revista Visão que saiu esta quinta-feira
para as bancas recorda-nos onde andam alguns dos antigos poderosos da banca
após os escândalos.
Armando Vara já foi ministro e administrador da Caixa Geral de
Depósitos. O processo Face Oculta trouxe o seu nome de volta para a ribalta,
mas pelas suspeitas. Atualmente, aguarda ainda por decisões judiciais. Já os
seus negócios pessoais, muitas vezes dependentes de viagens ao estrangeiro, têm
estado a meio gás na sequência de decisões da Justiça. Primeiro, estava
impedido de sair de casa. Depois, já em liberdade, continuou a ser impedido de
sair do país, o que não lhe facilitou os negócios.
Dias Loureiro foi ministro nos dois governos de Cavaco Silva. A queda do
BPN e as suspeitas em torno da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) trouxeram o seu
nome de volta à ribalta. Após o fim do BPN, em 2009, acabou por ser constituído
arguido. O processo ainda não terminou mas à Visão realça que a sua vida “não
se divide em antes e depois da SLN”. Atualmente, passa muito tempo fora do
país, seja a tratar de negócios, seja “a gozar os prazeres de uma família que
já é grande e muito feliz”.
Filipe Pinhal integrava a administração do BCP. Foi figura próxima de
Jardim Gonçalves e chegou a suceder a Paulo Teixeira Pinto. Acabou condenado a
pena suspensa e a quatro anos sem poder exercer cargos de topo em instituições
financeiras, além de ter uma indemnização de 300 mil euros. Atualmente, tem-se
dedicado a uma empresa imobiliária com os filhos. Compra e vende imóveis de
luxo e os seus principais clientes são estrangeiros com vistos gold.
Henrique Granadeiro, ex-chairman da PT, foi durante vários anos elogiado
pela sua gestão, estando próximo do poder. O gestor acabou caído em desgraça
por um negócio que, sendo de uma operadora de telecomunicações, acabou por se
integrar na ‘derrocada’ provocada pelo fim do Grupo Espírito Santo (GES). Foi
ele um dos decisores do investimento ruinoso em papel comercial (897 milhões de
euros) numa holding falida e sem retorno do GES. A sua vida financeira já não
será tão desafogada como noutros tempos. Atualmente dedica-se também à produção
de vinho e procura apoios para outros projetos agrícolas, dá conta a mesma publicação.
Aos 80 anos, o antigo banqueiro Jardim Gonçalves será dos poucos que
manteve um vasto leque de amigos após a sua saída da banca. A dada altura
impedido de exercer atividade financeira, lançou uma biografia nos últimos anos
e tem-se mantido ocupado, entre o trabalho no seu escritório e o acompanhamento
da mulher, adoentada. O vinho Infinitude é dele, bem como uma empresa de
médicos ao domicílio.
João Rendeiro foi presidente do BPP, um dos bancos cujo fim causou
escândalo. Várias figuras públicas perderam dinheiro com o fim do BPP. Já o
banqueiro, absolvido no caso Privado Financeiras, aguarda ainda outras decisões
judiciais. No entretanto, mantém o seu estilo de vida, é consultor e autor de
um blogue, o Arma Crítica, onde fala da atualidade, inclusive do fim de outros
bancos (como o Banif, entretanto vendido ao Santander com custos para os
contribuintes).
O nome de Oliveira e Costa acabou por se confundir com o escândalo BPN.
Está envolvido em vários processos relacionados com o banco que já não existe.
Segundo a Visão, continua à espera de decisões judiciais. No entretanto, sai
pouco de casa, a sua saúde já não é a melhor e não terá mais de um milhão de
euros. As indemnizações pedidas já ultrapassarão o dinheiro que, de facto, tem.
Não é por acaso que escolhemos uma foto de Ricardo Salgado para ilustrar
este texto. O antigo ‘Dono Disto Tudo’ exemplifica, como mais ninguém, a queda
de um ‘gigante’. O patrão do BES foi durante anos figura influente nos destinos
do país. Mas a queda do GES e do banco que geria causaram danos colaterais um
pouco por todo o lado. A última vez que as câmaras o captaram ia votar, em dia
de legislativas. Foi logo pela manhã, evitando grandes concentrações de
pessoas. Em Cascais, leva uma vida discreta. Vai à missa na capela da família e
mantém-se longe dos holofotes. No entretanto, prepara a sua defesa.
De Zeinal Bava os portugueses dificilmente esquecerão o momento em que
foi confrontado, na comissão de inquérito parlamentar, pela deputada bloquista
Mariana Mortágua: afinal de contas como é que um gestor em tempos eleito o
melhor no seu setor na Europa tinha dado aval a um negócio tão ruinoso que
custou 897 milhões de euros à PT? O ex-presidente da Oi e da PT SGPS deixou o
setor em Portugal mas aproveitou o facto de ter um filho a estudar em Londres
para voltar a dedicar o seu tempo à City londrina. É lá que mantém a sua
ligação às telecomunicações (noticiasaominuto)
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