quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Governo usou últimos 60 milhões da almofada financeira...

O ministro das Finanças, Mário Centeno, acabou de usar, em Dezembro, o que restava da almofada orçamental prevista para 2015. A informação consta do relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), a que o Económico teve acesso. No documento que analisa a execução orçamental referente a Novembro, os técnicos do Parlamento avançam também com dados sobre a utilização da dotação provisional no último mês do ano.
"Através dos dados provisórios de Dezembro verifica-se que o remanescente da dotação provisional foi integralmente reafectado", lê-se no documento. O Orçamento do Estado para 2015 previa uma dotação provisional de 533,5 milhões de euros, que servia para fazer face a imprevistos. Até ao final de Novembro, o anterior Executivo tinha utilizado 472,3 milhões de euros, sobrando apenas 61,2 milhões de euros para o último mês do ano. A utilização da dotação provisional não implica, por si só, um aumento do défice, já que aquela verba é contabilizada no cálculo do saldo orçamental aquando da elaboração do documento. No entanto, com o esgotamento desta reserva, os governos têm de recorrer a outros instrumentos para acomodar desvios nas despesas, o que já pode ter implicações no défice. No início de Dezembro, o actual Governo adoptou em Conselho de Ministros um conjunto de medidas de gestão orçamental para garantir que o défice fica abaixo de 3% do PIB. São elas o congelamento dos pedidos de descativação ou transição de saldos de gerência, o corte de 46 milhões de euros aos fundos disponíveis das Administrações Públicas e a recusa de novos compromissos financeiros que não sejam urgentes. O resultado destas medidas ainda não é conhecido, visto que ainda não foram publicados os dados da execução orçamental referentes a Dezembro. No entanto, em contabilidade nacional, o critério que interessa para Bruxelas, o tecto dos 3% já terá sido ultrapassado com o registo da operação de venda do Banif, que pesará 1,25 pontos percentuais do PIB no défice, segundo contas da UTAO. Apesar disso, na óptica de caixa, a execução até Novembro permitiu aos técnicos do Parlamento acreditar que a meta do conjunto do ano está mais próxima.
"Com o contributo do mês de Novembro, a redução homóloga do défice ficou em linha com a que se encontra prevista para a totalidade do ano", escreve a UTAO.
"Se este resultado não se inverter com a execução do mês de Dezembro, o défice em contabilidade pública ficará em torno do limite anual", afirmam os técnicos. Em contabilidade pública a meta do défice foi fixada em 2,8% do PIB, ao passo que em contabilidade nacional o objectivo era de 2,7% do PIB (Económico)

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