Crescer numa situação de pobreza pode ter repercussões durante toda a
vida. A pobreza infantil é uma realidade na UE: uma em cada quatro crianças
vive em risco de pobreza e de exclusão social. Os eurodeputados aprovaram esta
terça-feira, 24 de novembro uma resolução em que urgem os Estados-Membros a
reforçar o combate à pobreza infantil e às desigualdades sociais. O texto foi
adotado com 569 votos a favor, 77 contra e 49 abstenções. Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças,
todas as crianças têm direito à educação, aos cuidados de saúde, alojamento, ao
lazer e a uma alimentação equilibrada. No entanto, na Europa isto nem sempre
acontece. De acordo com o Eurostat, em 2014, cerca de 26 milhões de crianças e
jovens (menores de 18 anos) viviam em risco de pobreza e de exclusão social, ou
sejam 27,7% de todas as crianças que vivem na UE. Há crianças a viver em risco de pobreza em todos os Estados-Membros. Os
países com maior percentagem de crianças a viver em risco de pobreza são a
Roménia (51%), a Bulgária (45,2%) e a Hungria (41,4%). Em Portugal são quase um
terço das crianças: 31,4%. Os países com as percentagens mais baixas são a
Dinamarca (14,5%), a Finlândia (15,6%) e a Suécia (16,7%)
A subnutrição também está a crescer entre as crianças europeias. De
acordo com a UNICEF, na Estónia, Grécia e Itália, a percentagem de crianças que
não pode permitir-se a comer carne ou peixe de dois em dois dias duplicou desde
2008.
Pobreza infantil é um fenómeno multidimensional
A pobreza não é apenas uma questão de dinheiro. Para além de incluir a
incapacidade de assegurar despesas básicas como a alimentação, o vestuário e a
habitação; a pobreza também está ligada à exclusão social e à falta de acesso a
cuidados de saúde e educação de qualidade. As crianças que vivem em famílias monoparentais, especialmente com as
mães, também se encontram em maior risco de pobreza. A resolução aprovada pelos eurodeputados, esta terça-feira, pede aos
Estados-Membros para colocar as crianças no centro das suas políticas. O
relatório inclui ainda uma série de recomendações para combater "as
alarmantes taxas de pobreza infantil na Europa", incluindo o acesso de
todas as crianças a um sistema ensino público, gratuíto e de qualidade em todas
as idades.
"As políticas de austeridade criaram esta situação e o problema
está a piorar. Os Estados-Membros têm de assegurar às crianças e às suas
famílias o acesso à educação, à saúde, à segurança social e é necessário fazer
face ao desemprego, promover a segurança do emprego e redes
parentais-educacionais e sociais, alimentação equilibrada e alojamento
adequado", defende Inês Cristina Zuber, eurodeputada portuguesa do
CEUE/EVN, responsável pela elaboração do relatório (fonte: PE)
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