Uma alteração nos níveis da Classificação Internacional Normalizada da
Educação, mais conhecida pela sua sigla em inglês ISCED ( International Standard Classification of Education), terá
levado a que Portugal mereça um destaque pela positiva no relatório anual que
dá conta do Estado da Educação nos países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE). Na edição de 2015 do Education at Glance, divulgada nesta terça-feira,
destaca-se, na nota relativa a Portugal, que a escolaridade da população é
“bastante desigual”. Por um lado, continua a ser o segundo país da OCDE com uma
percentagem mais elevada da população entre 25 e os 64 anos que não concluiu o
ensino básico (36%). Mas, por outro, “17% da população entre os 25 e os 64 anos
tem o grau de mestre, bem acima da média da OCDE que se situa nos 11%”.
Neste último relatório da OCDE foram aplicados os novos níveis do ISCED
aprovados em 2011 para dar resposta, precisamente, à proliferação de diferentes
tipos de ofertas no ensino superior, a começar pelas alterações introduzidas
pela reforma de Bolonha.
Em vez de dois níveis nesta escala, sendo que um deles agregava
licenciaturas (pré e pós Bolonha) e
mestrados, o ensino superior passa a ter quatro: cursos de curta formação;
bacharelato ou equivalente, incluindo licenciaturas; mestrado; e doutoramento.
Com a reforma de Bolonha, parte dos diplomados pela primeira vez podem
ter uma licenciatura de 1.º ciclo (três anos) ou um mestrado integrado (cinco
anos). No novo ISCED, no nível referente a bacharelatos e equivalentes, que é
agora o que inclui também as licenciaturas, este último grau refere-se apenas
às licenciaturas do 1.º ciclo criadas com Bolonha, com uma duração de três
anos.
Este facto poderá explicar esta outra situação particular que a OCDE nos
atribui em 2014: ter apenas 5% de adultos entre os 25 e os 64 anos com
licenciatura, sendo que os mestres representariam 17% e os diplomados com grau de doutoramento
1%. As médias da OCDE são respectivamente de 15%, 11 % e 1%. Já as da União
Europeia situam-se nos 22%, 19% e 1%.
O salto português na população adulta foi recebido com surpresa pelo
presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. Embora
ressalvando que não tivera ainda acesso ao relatório, António Cunha diz que não
encontra “muitas explicações” para o peso do grau de mestres nos 25 aos 64 anos
e que até nem percebe bem o cenário avançado pela OCDE. Interroga-se se será
por Portugal ter começado ”muito cedo a implementar a reforma de Bolonha e a
apostar nos mestrados integrados”, mas remete eventuais explicações para mais
tarde. Em resposta ao PÚBLICO, o consultor da OCDE Diogo Paula, frisa que, apesar de a reforma
de Bolonha “poder ser uma das explicações” para o salto na percentagem de
mestres, existem outros dados que acabam por minimizar o efeito dos mestrados
integrados neste balanço.
“Há menos portugueses que a média a obter um diploma de mestrado como
primeira qualificação do ensino superior, o que seria o equivalente a um
programa de cinco anos”, alerta. Na verdade, quando os dados incidem sobre os
diplomados pela primeira vez, a percentagem dos que têm o mestrado como
primeira formação é de 15% contra uma média de 18% na UE. Já o valor dos que
obtiveram um grau de bacharelato ou equivalente, onde se incluem as
licenciaturas de 1.º ciclo de Bolonha, sobe para 85%, sendo que a média na OCDE e na UE ronda os 70% (texto dajornalista CLARA VIANA, do Publico, com a devida vénia)
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