Os quatro maiores bancos privados que operam em
Portugal tiveram, em termos agregados, prejuízos de 133,5 milhões de euros nos
primeiros nove meses deste ano, o que compara com lucros registados no mesmo
período de 2015. Nos primeiros nove meses do ano passado apenas o Novo Banco
registou prejuízos, mas este ano também o BCP apresentou resultados negativos
até setembro, pelo que os lucros de BPI e Santander Totta não foram suficientes
para impedir um cenário global 'vermelho' na banca privada. Assim, fazendo as
contas, entre janeiro e setembro deste ano os quatro maiores bancos privados
registaram no conjunto prejuízos de 133,5 milhões de euros, que contrastam com
lucros agregados de 173,5 milhões do mesmo período de 2015.
Analisando por
instituição, os maiores prejuízos cabem ao Novo Banco - o banco de transição
que resultou da resolução do Banco Espírito Santo -- que apresentou esta
quinta-feira resultados negativos de 359 milhões de euros até setembro, ainda
assim melhor do que os prejuízos de 418,7 milhões de euros dos primeiros nove
meses de 2015. O banco -- que está em processo de venda e que tem levado a cabo
uma intensa reestruturação, com reduções de custos - destacou, contudo, que
conseguiu no terceiro trimestre um lucro marginal de 3,7 milhões de euros, o
que acontece pela primeira vez desde que foi criado, em 03 de agosto de 2014.
Também o maior banco privado português, o BCP, registou até setembro um
prejuízo de 251,1 milhões de euros, que compara com os lucros de 264,5 milhões
de euros de igual período do ano passado, justificando que os resultados
contabilístico foram influenciados negativamente sobretudo pelo reforço nas
imparidades (perdas potenciais), nomeadamente para crédito. Já o Banco BPI
conseguiu, até setembro, fazer crescer os lucros em 21,2% para 182,9 milhões de
euros, em resultado de uma melhoria da atividade doméstica para 57,5 milhões,
mas principalmente da atividade internacional (sobretudo a operação em Angola,
onde tem o BFA) com 125,4 milhões de euros. Na sexta-feira à noite, o BPI divulgou ao mercado o
impacto nas suas contas do acordo que fez com a operadora angolana Unitel para
a venda de 2% do Banco Fomento de Angola (ficando o BPI com 48,1% e a Unitel
com 51,9%, que assim passa a controlar o banco angolano). Se essa operação já
estivesse concretizada, à data de 30 de setembro, o BPI teria tido um prejuízo
de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da atividade
internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos.
Por fim, como tem sido hábito, o Santander Totta voltou a registar um
desempenho positivo, com um lucro de 293,7 milhões de euros nos primeiros nove
meses do ano, uma subida homóloga de 66,2%. Do resultado líquido do Santander
Torra até setembro, nove milhões de euros dizem respeito à integração de
atividade bancária do Banif, que adquiriu no final de 2015 por 150 milhões, mas
o banco detido pelo espanhol Santander já disse que espera que no futuro esse
investimento venha a render ainda mais. Quanto ao banco público Caixa Geral de
Depósitos, o maior a operar em Portugal, este ainda não apresentou resultados
referentes aos primeiros nove meses do ano, depois de entre janeiro e junho ter
tido prejuízos de 205,2 milhões de euros, valor que compara com os lucros de
47,1 milhões de euros do período homólogo. A CGD tem estado no centro de uma
polémica devido aos membros da administração liderada por António Domingues,
que tomou posse em 31 de agosto deste ano, rejeitarem apresentar as declarações
de rendimentos e património junto do Tribunal Constitucional (LUSA)
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