quarta-feira, 9 de março de 2016

O estranho caso de Maria Sharapova, que não leu os emails sobre doping



Ex-número um do ranking mundial foi apanhada com meldonium no sangue, uma substância proibida aos atletas desde janeiro deste ano. Ela diz que não leu o aviso e que o fazia por questões de saúde. Afinal, o que é que Maria Sharapova andava a tomar? A bomba rebentou na noite desta segunda-feira: Maria Sharapova, que foi a “número 1” do ténis mundial, confessou ter sido apanhada num controlo antidoping. Segundo a tenista russa, tudo por causa de uma substância chamada meldonium, que diz tomar há dez anos por questões de saúde (falta de magnésio e um historial familiar de diabetes) e que só foi proibida pela Agência Mundial Antidopagem este ano.
Até aqui, Sharapova tem o controlo da situação: convoca a conferência, adianta-se a outras fontes e a fugas de informação, responsabiliza-se por um erro que pode não parecer grave, pelo menos tendo em conta as reações nas redes sociais.
Mas outras personalidades do mundo do ténis e não só questionam: afinal, como é que a equipa responsável pela gestão da carreira de uma tenista de topo não sabe destas mudanças? Como é que se esquecem de ver um e-mail que, como se comprova agora, pode mudar a carreira de uma estrela? E, afinal, o que é que Sharapova andava a tomar? Será que isso invalida todas as vitórias que tem somado ao longo dos anos?
Comecemos pelo princípio: o meldonium, também conhecido como mildronate, é uma substância usada para tratar a má circulação do sangue para certas partes do corpo, especialmente em casos de angina ou problemas de coração. Os seus efeitos explicam porque é que foi proibido aos atletas, uma vez que acelera a circulação sanguínea e assim melhora a resistência de quem pratica desporto.
Como o "El País" explica, este fármaco é produzido na Letónia e começou a ganhar popularidade durante os anos 1970 na antiga União Soviética, onde era utilizado no combate a doenças cardíacas. Primeiramente testado em porcos para provar que conseguia acelerar o crescimento dos animais, cedo se percebeu que o meldonium melhorava também a circulação dos humanos, o seu vigor sexual e até aliviava o período de abstinência para os álcoolicos em tratamento. Hoje em dia ele só é distribuído nos países bálticos e na Rússia, uma vez que não está aprovado pela Food and Drug Administration, nos Estados Unidos, nem no resto da Europa, explica o "Guardian".
Em 2014, o laboratório antidoping de Colónia, na Alemanha, analisou centenas de amostras da urina de desportistas quando descobriu que 17% das pertencentes a atletas russos tinham uma molécula desconhecida em comum (globalmente, a percentagem descia para 2,2%). Num estudo científico publicado na altura e citado agora pelo jornal espanhol, os médicos concluem que "o uso do medicamento demonstra uma melhoria da resistência dos desportistas, ajuda na recuperação após fazerem exercício, protege do stresse e melhora a ativação do sistema nervoso central". Foram estas descobertas que levaram a que, em janeiro deste ano, a Agência Mundial Antidopagem proibisse a ingestão desta substância aos atletas, embora em setembro a nova lista de fármacos proibidos já tivesse sido aprovada e tornada pública, o que prejudica a versão da tenista que diz que "não leu" o e-mail da Agência Mundial de Antidopagem. O meldonium está agora classificado como uma substância S4 pela Agência Mundial de Antidopagem, o que significa que tem efeitos hormonais e metabólicos. Mas Sharapova não é a única desportista em maus lençóis por tomar meldonium: também vieram a público os casos dos patinadores russos Ekaterina Bobrova e Dmitri Solovyov e da atleta etíope Abeba Aregawi (Expresso)

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